Vou tentar descrever a visão de um
provinciano em um dos maiores eventos de nível nacional, relacionados à raça
Rottweiler, uma especializada de estrutura e beleza da APRO. Provinciano porque
se comparado ao desenvolvimento da raça em São Paulo, que considero a capital
nacional do Rottweiler, estamos a milhares de anos luz de distancia para
atingir a qualidade apresentada por lá.
Pra quem não tem contato com estes
eventos e não tem disponível tantos cães e tamanha variedade e qualidade de
cães que a raça Rottweiler pode proporcionar, a experiência de estar numa
especializada é única. Logo na chegada a estrutura é impressionante, as tendas
armadas e o marketing pesado dos canis estampado nelas é encantador. A
quantidade de cães que cada canil leva e que não apresenta em pista é grande,
coisa que custei a entender, os cães são levados como “cartas na manga”, “trunfos”
e são apresentados conforme o que o concorrente tenha para apresentar, assim,
um cão de poucas qualidades pode vir a ser premiado ou o criador pode decidir
apresentar o seu melhor naquela classe para que o concorrente tenha menos
chances, funcionando como um jogo de estratégia, blefe e muita rivalidade,
coisa que se percebe mesmo com o clima amistoso entre os criadores.
Foto: Estrutura Apro 2012
Foto: Estrutura APRO 2012
As apresentações de dividem em classes
(categorias) que premiam os cães iniciais chegando até os níveis de campeonato,
grande campeonato e reserva onde pude presenciar alguns cães de renome,
excelente beleza e estrutura, como: Jecki Earl Antonius nº1 CBKC 2011, que
encanta muito pelo tamanho e beleza de sua cabeça, Gringo Oberpfalzer Wald,
cachorro que foi Klubsieger nas edições de 2010 e 2011 e impressiona muito pela
sua comissura labial e olhos negros, Doc Jecki Black Champion que é um jovem
filho do Jecki de 15 meses mas que já marcou seu lugar entre os destaques.
Também presenciei alguns cães que estão estampados nas paginas eletrônicas dos
canis, com fotos muito bem tiradas e repletas de recursos digitais como Photoshop e que na realidade não
são nem a metade do que digitalmente é apresentado em sites.
Foto: Jecki Earl Antonius de propriedade do Canil Von Wemba
Foto: Gringo Oberpfalzer Wald de propriedade do Canil Von Olívio
Foto: Gringo Oberpfalzer Wald de propriedade do Canil Von Olívio
Achei o juiz bem imparcial nas suas
avaliações e muito coerente em seus comentários. O fato de ser brasileiro
desagrada a muitos, mas valorizou características de reprodução como olhos
escuros e puniu faltas consideradas genéticas como a despigmentação da
comissura labial, que frisou diversas vezes em seus comentários e avaliações,
não considerou tanto faltas que podem ser melhoradas com treino como lombo e dorso selado ou carpeado. Não senti nenhum clima de “comprometimento” com esse ou
aquele criador e achei o principio de julgamento, priorizando a seleção para
reprodução digno de quem realmente gosta de Rottweilers.
Foto: Doc Jecki Black Champion (15 meses) Propriedade Canil Black Champion reafirmando a excelente progênie de Jecki Earl Antonius
Foto: Fêmea Mema sendo premiada. Propriedade Canil Black Champion, progênie de Jecki Earl Antonius
Foto: Fêmea Mema. Propriedade Canil Black Champion, progênie de Jecki Earl Antonius
Quanto aos criadores pude perceber
grande distinção, onde, alguns literalmente vivem aquele momento, se envolvem
emocionalmente com o evento e realmente colocam a “mão na massa” preparando e
apresentando seus cães e outros usando um tênis branquinho sem saber ao menos o
nome dos cães presentes e de sua propriedade.
Foto: Cães, julgamento em grupo
Foto: Jecki Earl Antonius de propriedade do Canil Von Wemba
A experiência foi totalmente
engrandecedora, pude constatar quem tem a melhor estrutura e quem faz de sua
estrutura a melhor, coisas completamente diferentes, percebi as reais
qualidades e diferenças entre cães e criadores, aqueles que tem a melhor
criação fruto de seu trabalho e esforço no real sentido da palavra criação e
não apenas obtendo os melhores cães que o dinheiro pode comprar. Fiquei muito
satisfeito por poder tirar minhas próprias conclusões, grato a todos que me
receberam muito bem no evento e que compartilharam comigo informações,
dispensaram seu tempo e atenção percebendo que eu estava presenciando um evento
que pra mim não é comum. Obrigado!
Rodrigo,não consegui postar um comentário no teu BLOG sobre a sua participação na APRO. Então vai logo abaixo, se você puder incluir, agradeço! Abraço!
ResponderExcluirDa obrigatoriedade de fundamentação das decisões dos juízes de cães - O EXEMPLO DA APRO!
De fato, depois de ir a uma APRO perde-se toda a vontade de presenciar as exposições suspeitas realizadas em outros Estados da Federação.
Na APRO o juiz, seja ele alemão ou não, é obrigado a fundamentar a sua decisão, ao mesmo tempo que isso é um direito do criador de saber dos motivos pelos quais o seu cão ganhou, perdeu ou foi desclassificado em pista! Isso é fundamental existir para que todos saibam das razões do julgamento, além de consistir em um respeito e consideração com o público e admiradores presentes!
A Constituição Federal de 1988 prevê que todas as decisões judiciais e administrativas deverão ser fundamentadas. Não obstante isso seja aplicado à Administração Pública e ao Poder Judiciário, também deveria ser obrigatório para as decisões judiciais da cinofilia. Só assim, às claras, poderemos afastar a desconfiança, a suspeição e a maracutaia que rondam as exposições Brasil afora.
Se no âmbito do poder público, na política, nos órgãos oficiais a corrupção e o jeitinho brasileiro ditam as regras desse jogo repugnante, mesmo com toda a fiscalização da sociedade e do Ministério Público, imagina no âmbito dos eventos cinófilos, que é uma criação da sociedade civil e de natureza privada?!
Logo, ao meu ver, a única forma de dar legitimidade e credibilidade aos eventos cinófilos é com a obrigatoriedade de "FUNDAMENTAÇÃO" das decisões dos juízes de cães ou árbitros. Equivale dizer, respeitar o direito dos expositores, criadores e demais participantes de saberem dos reais motivos ou fundamentos pelos quais o prêmio foi para um cão e não para o outro.
Nós do Von BRK fomos à exposição da APRO de novembro de 2011, realizada no hotel fazenda Três Marias, em Jaguariúna/SP, onde foi convidado um juiz alemão para julgar. Vimos exatamente o que você, Rodrigo, presenciou nessa última exposição: decisões judiciais cinófilas FUNDAMENTADAS! E nós em novembro contamos ainda com tradução simultânea, pelo fato de o juiz ser estrangeiro. De fato, APRO é outro mundo!
É preciso profissionalizar as entidades cinófilas no Brasil e acabar com as panelinhas que acabam tomando conta quando as coisas são deixadas à mercê dos mercenários ou dos gigolôs de cães.
Precisamos bater em cima dessa tecla para pressionarmos as entidades cinófilas e para quem sabe um dia termos orgulho de assistir a exposições no RS com julgamentos devidamente FUNDAMENTADOS pelos árbitros, e não mais essas "coisas" suspeitas onde o juiz, completamente mudo, aponta o dedo para o cão vencedor, deixando os criadores e o público presente cheios de desconfiança e dúvida!
CANIL VON BRK
WWW.VONBRK.COM.BR
P.S.: Rodrigo, oportunamente, gostaríamos que você adaptasse esse nosso comentário para postá-lo como um texto em seu BLOG! Obrigado, Gilson.