quarta-feira, 18 de abril de 2012

Entrevista Canil Vom Germanisch

Claudia Cordeiro (Canil Vom Germanisch)

             Como começou o Canil Vom Germanisch?
Em 1.989 vimos pela primeira vez um Rottweiler, no parque Ibirapuera, e o achamos impressionante, poderoso; fomos pesquisar sobre a raça, adquirimos o livro O Rottweiler de Bruno Tausz e vimos que o temperamento da raça - confiante, não late à toa, não aceita estranhos facilmente - também era exatamente o que, na nossa concepção, um cão de guarda deveria ser. O passo seguinte foi aprender o máximo possível sobre a raça (temos muitos livros europeus, revistas americanas etc.), para saber o que é um bom exemplar, como é um bom canil, antes de adquirir um exemplar. Por ex., adquirimos a primeira cadela de uma criadora que tinha poucos cães e muita qualidade (eram importados da Alemanha), e não nos interessamos por canis com grande número de cães cuja criação é comercial, que são por sinal muito mal vistos na Europa. Os melhores canis têm poucos cães. Não acreditamos em qualidade e quantidade!

Qual sua filosofia de criação?
Um Rottweiler, para entrar na nossa criação, tem que ter qualidades que superem seus defeitos, já que cão perfeito não existe. Não pode em hipótese alguma ter qualquer falta desqualificante, e quanto ao temperamento, não deve ser medroso; levamos nossos cães para testar em campos de adestramento, porque fazer ataque em casa é fácil, e o cão tem que se mostrar seguro em um ambiente estranho. Quanto à estrutura, gostamos de exemplares pesados, típicos. Na reprodução o cão também deve ter uma boa descendência, não adianta ser lindo e não transmitir nada, ou pior, transmitir características indesejadas. O pedigree é importante no sentido de ser um fator excludente em primeiro lugar; não acreditamos em trabalhar só com a genética. O que um cão mostra na sua aparência, com certeza tem em seus genes; mas se ele não tem, por ex., ossatura, de que adianta os ancestrais terem tido?

          Quando vocês selecionam um filhote para compor seu plantel, quais os itens mais importantes em sua avaliação?
Boa estrutura e bom temperamento. Alguma característica marcante também, como uma cabeça particularmente bonita, uma ossatura bem pesada...

            Diante das muitas faces da raça, qual o tipo de Rottweiler vocês preferem?
É isso que diferencia um criador de outro. É melhor falar o que não queremos: aquele cão tido como "correto" ao qual, na verdade, faltam qualidades. Ausência de defeitos não significa presença das qualidades desejadas. Agora, se o cão tiver qualidades exacerbadas, que o tornam um hiper-típico, melhor ainda! É nesse que apostamos, na reprodução.

          Quantos cães vocês já importaram de outros paises e de que maneira eles contribuiem para a criação?
Alguns contribuíram mais que outros, é claro. Tivemos um, adquirido aqui mas importado, que se chamava Fantasa Tangerine Man "Cookie" que mostrou o quanto um cão é capaz de transmitir ossatura fortíssima, cabeça grande, temperamento forte e ausência de displasia coxo-femural.  Trouxemos outro, o Brin v.d. Stadt-Titel, que foi um marco na criação brasileira por ter sido o primeiro cão a ser adquirido do Leste Europeu para o Brasil; Brin tinha uma tipicidade muito forte, e transmitiu boas características, traseiras fortes, cães muito típicos. Tanto com Cookie quanto com Brin, sentimos muita resistência por parte de outros criadores que, não sei por qual motivo, não enxergavam as qualidades de Rottweilers que não eram provenientes da Alemanha. Hoje em dia, estamos gostando muito do que o Jackal Flash Rouse vem produzindo. Bom, lista completa dos cães importados que são ou foram de nossa propriedade: Fantasa Tangerine Man (Cuidado Street Life of Schleswig x Fantasa Scarlet O'Hara, Inglaterra); Frestani's Luna (Varus v. Wolfsberg x Evi v.d. Mauth, USA); Brin v.d. Stadt Titel (Bronko od Dragicevica x Zita Mar-Ub, antiga Iugoslávia); Armando of Black Lion (Janosch v.d. Scherau x Klara, Croácia); Fenno v. Hause Edelstein (Brando v. Kelemen x Zita Haus of Lazic, Croácia); Zamira v. Hause Sommer (Vico v. Kressbach x Princess v. Hause Sommer, Hungria); Quiara do Pazo do Espiño (Cuno v.d. Tonberger-Höhe x Riana v.d. Bleichstrasse, Espanha); Zilli Flash Rouse (Graf Earl Antonius x Ramona v.d. Crossener Ranch, Sérvia); Jackal Flash Rouse (Merlin Flash Rouse x Fuksa German Bloodline); Dino v.d. Holzhaussiedlung (Kliff v.d. Crossener Ranch x Xenia v.d. Holzhaussiedlung); e Stella Timit-Tor (Sting Haus of Lazic x Olympia v. Hause Nadja).

           Como voces veem a criação atualmente no Brasil?
Melhorou muito se comparado a 20 anos atrás! Obviamente as importações tiveram um papel determinante nisso. Pena que muitos importados ou caíram no esquecimento, ou foram para longe, enfim muitos não puderam contribuir com a criação nacional. Agora, o Brasil tem as principais linhas de sangue européias; cabe aos criadores daqui produzirem cães de alta qualidade com o que já foi trazido. Isso sim, é que mostra se o criador é competente ou não.

           O que voces recomendam a pessoa que vai adquirir o primeiro filhote de Rottweiler?
A aquisição deve ser feita em um bom canil, claro, onde haja no mínimo controle de displasia coxo-femural, e de temperamento; não adianta querer não gastar ou pode acontecer de o barato sair caro. Fora isso, é bom a pessoa visitar o canil, conhecer os cães, ver se realmente gostado que está vendo e não ir na conversa do criador. Ver as instalações, como os cães são tratados, procurar evitar as fábricas de filhote.

Gostaria  de agradecê-los e deixá-los livre para dizerem o que quizerem ao blog. Sintam-se a vontade!
Felizmente o Rottweiler saiu daquela fase de popularidade, e se firmou como uma raça de guarda preferida por muitos. A criação melhorou, a única pena é a política estar afastando os criadores do meio das exposições. Lembramos com saudades de exposição em que houve mais de 200 Rottweilers em pista e todos os principais criadores daqui estavam presentes, isso foi em 1.998. Será que são tempos que não voltam mais?


4 comentários:

  1. Adquirimos um descendente da Wera Vom Germanish, o cãozinho ainda está com 6 meses e está cada dia mais lindo.

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  2. Adquirimos um descendente da Wera Vom Germanish, o cãozinho ainda está com 6 meses e está cada dia mais lindo.

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  3. FANTASA FOI UN GRANDE ROTTWEILER COM CERTEZA...MEU ESTILO DE CAO

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  4. Entrevista espetacular de um admirável trabalho de excelência, parabéns!

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